sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Mas porque é que temos de exigir reciprocidade nas relações?

É que é tão melhor poder dar amor sem limites.

Porque é que eu tenho de ser obrigado a só gostar de quem gosta de mim? Porque haveria de só poder agir com amizade para quem fez o mesmo comigo, se genuinamente gosto de muitas pessoas que não tenho a sorte de me distinguirem especialmente na forma como me tratam, mas para com quem tenho sentimentos bons?

Porque é que hei de ser obrigado a perder tempo a agir com maldade só porque uma pessoa foi má para mim, duplicando assim o mal na minha vida por acrescentar ao que vem de fora, um que vem de dentro? 

E quando uma pessoa nos trata bem? Não devemos tratá-la bem por causa disso. Devemos tratá-la bem sempre.

A reciprocidade é uma troca, não uma dádiva. É um racionalismo que só nos faz sofrer proque nos obriga a ser maus para pagarmos com mal o mal dos outros. É assim que a razão leva à maldade.

É um capitalismo afectivo.

E é urgentemente, radicalmente, bondosamente preciso parar a invasão.

domingo, 6 de novembro de 2011

Tenho muita sorte

Tenho muita sorte por num dia muito feliz da minha vida - há uns anos atrás numa altura em que havia uma moça de quem eu gostava muito e que me fazia andar todos os dias cheio de sonhos e esperança - ter sem querer enfiado a minha mão por uma faca a dentro. O corte foi suficientemente fundo para a marca nunca sair e agora sempre que vejo a cicatriz lembro-me dessa rapariga e acho que nunca me hei de esquecer desse dia. Estava na RTP Memória a dar um programa sobre portugueses no Brasil nos anos oitenta, que tinham ido para lá nos anos sessenta, e depois deu um programa sobre os quiosques de Lisboa. Depois fui para a varanda da cozinha ler e apanhar sol ao mesmo tempo, e beber chá. Estava um sol tão bonito.